Corpos Mutantes
REFERÊNCIA:
COUTO Edvaldo Souza (Org.); GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Corpos Mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
Esta obra traz dez ensaios, produzidos por pesquisadores brasileiros que discutem diversas técnicas de "melhoramento" do corpo humano buscando atingir o modelo de beleza, saúde e juventude com a ajuda dos avanços das tecnologias.Trago abaixo um resumo sobre cinco ensaios desta obra. Sem dúvida alguma a leitura desta obra ajuda-nos a compreender o impacto dos avanços tecnológicos na formação da sociedade pós-humana.
Ensaio 1
CORPO CYBORG E O DISPOSITIVO DAS NOVAS TECNOLOGIAS
Autor: Homero Luís Alves de Lima Páginas: 29 a 42
Neste ensaio, Lima traz as possibilidades de transformação tecnológica do corpo através dos desenvolvimentos científico-tecnológicos e de todos os conjuntos emergentes das novas tecnologias de informação e comunicação. O autor utiliza diversos exemplos de possibilidades de transformação do corpo pelas tecnologias desde a sua exploração minuciosa através da nanotecnologia até a reconfiguração possibilitando melhorias na saúde e na estética do homem.
Lima comenta que os avanços técnicos e científicos possibilitaram a mistura do vivo e o não – vivo, o orgânico com a máquina que alguns anos atrás fazia parte da ficção e do imaginário das pessoas. A figura do ciborgue da ficção se reconfigura neste contexto pós-humano e representa a fusão do orgânico com a máquina em um determinado contexto.
Buscando esclarecer o conceito de ciborgue Lima cita a autora Donna Haraway que define ciborgue como um organismo cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de realidade social e também uma criatura de ficção. Para Haraway existiram três abalos de fronteiras que fizeram surgir o ciborgue em meio à cultura contemporânea. O primeiro abalo foi na fronteira entre o homem e o animal, a segunda fronteira foi entre o organismo e a máquina e a terceira fronteira foi a fronteira do físico e não-físico caracterizada pela miniaturização das tecnologias (chips).
Neste contexto de avanços técnico-científicos os ciborgues se estabelecem e hoje, para nós, não fica claro onde termina o humano e onde começa máquina.
“Os mais cuidadosos, hoje, perguntam: Como se há de preservar o homem? Zaratustra é o primeiro e único a perguntar: Como se há de superar o homem?” (Nietzsche)
COUTO Edvaldo Souza (Org.); GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Corpos Mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
Esta obra traz dez ensaios, produzidos por pesquisadores brasileiros que discutem diversas técnicas de "melhoramento" do corpo humano buscando atingir o modelo de beleza, saúde e juventude com a ajuda dos avanços das tecnologias.Trago abaixo um resumo sobre cinco ensaios desta obra. Sem dúvida alguma a leitura desta obra ajuda-nos a compreender o impacto dos avanços tecnológicos na formação da sociedade pós-humana.
Ensaio 1
CORPO CYBORG E O DISPOSITIVO DAS NOVAS TECNOLOGIAS
Autor: Homero Luís Alves de Lima Páginas: 29 a 42
Neste ensaio, Lima traz as possibilidades de transformação tecnológica do corpo através dos desenvolvimentos científico-tecnológicos e de todos os conjuntos emergentes das novas tecnologias de informação e comunicação. O autor utiliza diversos exemplos de possibilidades de transformação do corpo pelas tecnologias desde a sua exploração minuciosa através da nanotecnologia até a reconfiguração possibilitando melhorias na saúde e na estética do homem.
Lima comenta que os avanços técnicos e científicos possibilitaram a mistura do vivo e o não – vivo, o orgânico com a máquina que alguns anos atrás fazia parte da ficção e do imaginário das pessoas. A figura do ciborgue da ficção se reconfigura neste contexto pós-humano e representa a fusão do orgânico com a máquina em um determinado contexto.
Buscando esclarecer o conceito de ciborgue Lima cita a autora Donna Haraway que define ciborgue como um organismo cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de realidade social e também uma criatura de ficção. Para Haraway existiram três abalos de fronteiras que fizeram surgir o ciborgue em meio à cultura contemporânea. O primeiro abalo foi na fronteira entre o homem e o animal, a segunda fronteira foi entre o organismo e a máquina e a terceira fronteira foi a fronteira do físico e não-físico caracterizada pela miniaturização das tecnologias (chips).
Neste contexto de avanços técnico-científicos os ciborgues se estabelecem e hoje, para nós, não fica claro onde termina o humano e onde começa máquina.
“Os mais cuidadosos, hoje, perguntam: Como se há de preservar o homem? Zaratustra é o primeiro e único a perguntar: Como se há de superar o homem?” (Nietzsche)
Ensaio 2
UMA ESTÉTICA PARA OS CORPOS MUTANTES
Autor: Edvaldo Souza Couto Páginas: 43 a 56
Couto neste ensaio traz sua visão sobre a espetacularização do corpo na sociedade contemporânea, observando que esta adoração do corpo está diretamente ligada ao desejo incontrolável de modificá-lo e aperfeiçoá-lo.
Para o autor este desejo de transformação do corpo é conseqüência dos avanços da tecnologia e da ciência que permitem uma melhora significativa não apenas da saúde, mas também do desempenho do corpo humano. Para ele a sociedade contemporânea que hoje é conhecida pela velocidade de divulgação das informações e pelos avanços tecnológicos transformou o corpo humano em mais um objeto de consumo. A imagem de corpo perfeito reformulado pelas tecnologias que são sinônimos de beleza e juventude reflete a exploração do corpo humano como este objeto de consumo produzido e disseminado pelas mídias de uma sociedade capitalista. È no corpo humano que os grandes experimentos tecnológicos se concentram sendo depois vendidos para satisfazer o ideal de corpo perfeito.
Por fim, Couto nos chama a atenção que este processo de mercantilização do corpo humano agora transformado em objeto de consumo acaba por reproduzir as desigualdades sociais, visto que, algumas técnicas de “melhoramento” do corpo ainda são caras e desta forma, nem sempre são acessíveis a todos.
Após ler este ensaio, percebi que inconscientemente ou até de forma consciente a sociedade muda os valores de beleza e perfeição, entretanto em nenhuma outra época o corpo humano foi tão adorado.
Para ilustrar as idéias do professor Edvaldo Couto sobre o corpo humano trago esta mensagem:
“Meu corpo é o templo da minha arte. Eu exponho-o como altar para adoração da beleza” (Isadora Duncan – bailaria norte americana)
Ensaio 3
O ESPETÁCULO DO RINGUE: O ESPORTE E A POTENCIALIZAÇÃO DE EFICIENTES CORPORAIS
Autores: Cláudio Ricardo Freitas Nunes e Silvana Vilodre Goellner
Páginas: 57 a 74.
Neste ensaio os autores discutem sobre a potencialização dos corpos em academias e a espetacularização dos corpos em lutas de vale-tudo, também chamadas de Mixed Matrial Arts.
Freitas e Goellner descrevem as preparações físicas de atletas em duas academias e um centro de treinamento em Porto Alegre. E percebem que a preocupação dos atletas com o aprimoramento da performance nas lutas e seus anseios por corpos esteticamente perfeito, mais competitivos e eficientes os levam a submeter-se a processos técnicos e tecnologias que viabilize estas transformações e por fim consigam um corpo malhado, com mais força, agilidade e mais eficientes para as lutas.
Entre os processos tecnológicos que aceleram o ganho muscular, proporcionam o ganho de força, diminui o tempo de recuperação de lesões musculares os autores citam os anabolizantes, suplementos e medicamentos que muitos atletas e alunos da academia fazem uso. O consumo desta substâncias potencializadoras está relacionado com a expansão de um mercado de consumo de serviços e produtos que identificam-se pelo uso destas tecnologias.
Para finalizar os autores chamam a atenção para a espetacularização do corpo tem estimulado o consumo por produtos desenvolvidos tecnologicamente para potencializar o corpo humano e suas performances, entretanto a saúde deste corpo espetacularizado não é levada em consideração.
Ao fim da leitura deste ensaio um questionamento surge:
Até que ponto devemos potencializar nosso corpo?
Ensaio 4
OS PERCURSOS DO CORPO NA CULTURA CONTEMPORÂNEA
Autor: Malu Fontes Páginas: 75 a 88
Fontes neste ensaio faz uma análise sobre os percursos do corpo feminino na cultura contemporânea. Para ela o corpo feminino é o mais suscetível aos modelos divulgados pelas mídias. Ao fazer uma análise cronológica dos padrões e perfis do corpo feminino ao longo dos anos a autora percebeu que as mudanças foram significativas e estavam sempre ligadas as dificuldades de construção e afirmação da identidade feminina. E dentro deste percurso histórico o culto ao corpo e a saúde acabou como uma forma de substituir ideologias já ultrapassadas.
O ESPETÁCULO DO RINGUE: O ESPORTE E A POTENCIALIZAÇÃO DE EFICIENTES CORPORAIS
Autores: Cláudio Ricardo Freitas Nunes e Silvana Vilodre Goellner
Páginas: 57 a 74.
Neste ensaio os autores discutem sobre a potencialização dos corpos em academias e a espetacularização dos corpos em lutas de vale-tudo, também chamadas de Mixed Matrial Arts.
Freitas e Goellner descrevem as preparações físicas de atletas em duas academias e um centro de treinamento em Porto Alegre. E percebem que a preocupação dos atletas com o aprimoramento da performance nas lutas e seus anseios por corpos esteticamente perfeito, mais competitivos e eficientes os levam a submeter-se a processos técnicos e tecnologias que viabilize estas transformações e por fim consigam um corpo malhado, com mais força, agilidade e mais eficientes para as lutas.
Entre os processos tecnológicos que aceleram o ganho muscular, proporcionam o ganho de força, diminui o tempo de recuperação de lesões musculares os autores citam os anabolizantes, suplementos e medicamentos que muitos atletas e alunos da academia fazem uso. O consumo desta substâncias potencializadoras está relacionado com a expansão de um mercado de consumo de serviços e produtos que identificam-se pelo uso destas tecnologias.
Para finalizar os autores chamam a atenção para a espetacularização do corpo tem estimulado o consumo por produtos desenvolvidos tecnologicamente para potencializar o corpo humano e suas performances, entretanto a saúde deste corpo espetacularizado não é levada em consideração.
Ao fim da leitura deste ensaio um questionamento surge:
Até que ponto devemos potencializar nosso corpo?
Ensaio 4
OS PERCURSOS DO CORPO NA CULTURA CONTEMPORÂNEA
Autor: Malu Fontes Páginas: 75 a 88
Fontes neste ensaio faz uma análise sobre os percursos do corpo feminino na cultura contemporânea. Para ela o corpo feminino é o mais suscetível aos modelos divulgados pelas mídias. Ao fazer uma análise cronológica dos padrões e perfis do corpo feminino ao longo dos anos a autora percebeu que as mudanças foram significativas e estavam sempre ligadas as dificuldades de construção e afirmação da identidade feminina. E dentro deste percurso histórico o culto ao corpo e a saúde acabou como uma forma de substituir ideologias já ultrapassadas.
Para a autora atualmente a sociedade contemporânea criou dois modelos de corpos: o corpo canônico e o corpo dissonante.
O corpo canônico é o corpo resultante destes investimentos em técnicas, tecnologias e ciência que visam à modificação estética do corpo para corresponder um modelo sócio-culturalmente predeterminado.
O corpo canônico é o corpo resultante destes investimentos em técnicas, tecnologias e ciência que visam à modificação estética do corpo para corresponder um modelo sócio-culturalmente predeterminado.
Já o corpo dissonante é aquele que não está adequado aos padrões estéticos para um corpo socialmente aceito, que não recorre aos artifícios da tecnologia para seu melhoramento e reformulação.
Fica a pergunta: E você se encaixa em qual modelo de corpo? Canônico ou dissonante?
“O que está sempre falando silenciosamente é o corpo.” (Norman Brown)
Ensaio 5
VELHICE, PALAVRA QUASE PROIBIDA; TERCEIRA IDADE, EXPRESSÃO QUASE HEGEMÔNICA
Autor: Anamaria da Rocha Jatobá Palácios Páginas: 89 a 104
Palácios traz neste ensaio o embate entre os termos velhice e terceira idade. E faz seu estudo especificamente observando campanhas publicitárias de cosméticos em revistas ao longo dos últimos anos. A autora esclarece e ilustra o fenômeno das mudanças dos discursos ao longo dos anos até chegar a substituição do termo velhice pelo termo terceira idade em anúncios publicitários que associa a idéia de envelhecimento com decrepitude.
Na sua análise, a autora, declara que existem duas visões de velhice por parte destes anúncios publicitários. Uma visão estaria mais ligada ao lado tradicional do termo, onde a velhice é conceituada como decrépita e sinaliza o final da vida de um indivíduo. A segunda visão aponta a existência de uma terceira idade, conceito que estaria associado a continuidade da vida, mais uma etapa do indivíduo a sua maturidade. Para melhor ilustrar essas duas visões a autora traz exemplos de anúncios analisados em sua pesquisa.
Palácios observa que os avanços tecnológicos foram responsáveis pela mudança do conceito de velhice na sociedade pós-moderna. Os produtos tecnológicamente desenvolvidos para retardar sinais da velhice mudaram a prática de consumo desta parte da população. Com isso a velhice na pós-modernidade pode ser definida como um novo momento da vida com beleza e saúde.
“A velhice só começa quando se perde o interesse.” (Jean Rostand)
VELHICE, PALAVRA QUASE PROIBIDA; TERCEIRA IDADE, EXPRESSÃO QUASE HEGEMÔNICA
Autor: Anamaria da Rocha Jatobá Palácios Páginas: 89 a 104
Palácios traz neste ensaio o embate entre os termos velhice e terceira idade. E faz seu estudo especificamente observando campanhas publicitárias de cosméticos em revistas ao longo dos últimos anos. A autora esclarece e ilustra o fenômeno das mudanças dos discursos ao longo dos anos até chegar a substituição do termo velhice pelo termo terceira idade em anúncios publicitários que associa a idéia de envelhecimento com decrepitude.
Na sua análise, a autora, declara que existem duas visões de velhice por parte destes anúncios publicitários. Uma visão estaria mais ligada ao lado tradicional do termo, onde a velhice é conceituada como decrépita e sinaliza o final da vida de um indivíduo. A segunda visão aponta a existência de uma terceira idade, conceito que estaria associado a continuidade da vida, mais uma etapa do indivíduo a sua maturidade. Para melhor ilustrar essas duas visões a autora traz exemplos de anúncios analisados em sua pesquisa.
Palácios observa que os avanços tecnológicos foram responsáveis pela mudança do conceito de velhice na sociedade pós-moderna. Os produtos tecnológicamente desenvolvidos para retardar sinais da velhice mudaram a prática de consumo desta parte da população. Com isso a velhice na pós-modernidade pode ser definida como um novo momento da vida com beleza e saúde.
“A velhice só começa quando se perde o interesse.” (Jean Rostand)
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